quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O amuleto

Aquele colar azul, meu amuleto
Que desde aquele meu carnaval
Não mais o vejo
Esquecido no lençol amarelo
Deve estar guardado no seu baú à sete chaves
Como posso tê-lo deixado sob seu domínio?
Então é porque confio!
Aguardando meu retorno inconsciente
Quase morto, sem meu peito
Sente falta das batidas do meu coração
Seu alimento diário de amor e desejo.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ainda há tempo?

Perdeu-se por pensar em poupar o outro.
Que pena.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Manuel Bandeira

Amor - chama, e, depois, fumaça...
Medita no que vais fazer:
O fumo vem, a chama passa...

Gozo cruel, ventura escassa,
Dono do meu e do teu ser,
Amor - chama, e, depois, fumaça...

Tanto ele queima! e, por desgraça,
Queimado o que melhor houver,
O fumo vem, a chama passa...

Paixão puríssima ou devassa,
Triste ou feliz, pena ou prazer,
Amor - chama, e, depois, fumaça...

A cada par que a aurora enlaça,
Como é pungente o entardecer!
O fumo vem, a chama passa...

Antes, todo ele é gosto e graça.
Amor, fogueira linda a arder!
Amor - chama, e, depois, fumaça...

Porquanto, mal se satisfaça
(Como te poderei dizer?...),
O fumo vem, a chama passa...

A chama queima. O fumo embaça.
Tão triste que é! Mas... tem de ser...
Amor?... - chama, e, depois, fumaça:
O fumo vem, a chama passa...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Recuerdos de café


Siempre me acuerdo de ti
Recuerdo el café
Eso fue en mi armario
También me acuerdo de su silencio que habla,
Su hermosa barba y pelo rizado
Y sus colillas en el cenicero

Pero lo que más recuerdo de ti
Es su sonrisa de oreja a oreja
que no hay igualdad en este mundo
que me hace sonreír a mí mismo
cada vez que entra en mi cabeza.
Yo quiero un café, por favor!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Dois Diálogos de Fernando Pessoa

I
- Febre! Febre! Estou trêmulo de febre
E de delírio ...

Ancião, não podes tu
Arranjar-me um remédio para a vida?
Quero vivê-la sem saber que a vivo
Como tu vives.

Atordoar-me-á isto a alma toda,
Toda, até dentro, muito dentro, velho?
- Não teentendo, mas se é esquecer
Que queres, bebe...
- Quero, quero, vamos....
Esqueçamos-nos. Tens algo de mais forte
P'ra mais do que esquecer? depressa, diz...
- Mal te compreendo, mas não tenho.

(FAUSTO bebe sofregamente)

Estranha e horrível criatura!

Não é vício
Nem crime, nem tristeza, nem pavor
Propriamente pavor, o que obscurece
Como uma escuridão de dentro d'alma
Toda a vida e expressão de sua face.
E essas palavras de que usou

- "esquecer a vida"; "mais do que esquecer";
"em mim acabará então parte de mim" -
Que significam?
Não sei, mas sinto
Que condizem, secreta e intimamente,
Com esse íntimo ser que eu não conheço;
Qualquer que seja essa desgraça, estranho,
Dorme e ou esquece ou aconteça em ti
Isso que semelhante ao esquecer
Desordenadamente me disseste
Desejar no teu íntimo...
Dorme, e que o filtro opere no silêncio
Da tua alma obra interior de paz
E ao descerrares para mim os olhos
Eu lhes veja a expressão já transmudada
Para compreensível e humana
Expressão de um humano sentimento.
Te adormeça a existência intimamente
E ao escuro desejo que tu tens.
(Vai para o levantar mais retrai-se)
Não; dorme onde caíste ...

Eu sou outro que os homens, ó ancião,
O teu filtro de paz e esquecimento
Não me faz esquecer e só a sombra
De uma possível paz me entrou na alma.
Para a paz que eu queria, isto que tenho
É como archote para a luz do sol.
Intimamente nada se passou.
Paralisaste em mim a engrenagem
Do pensamento e sentimento antigos

Não tornaria, eu sinto-o, a sentir
O que sentia antigamente. Foi-se
Não sei como o interior do meu ser
Com suas intuições, mas não se foi
A memória terrível do horror
Da minha vida antiga ...

Não fales mais. Eu vou...
(pondo-se em pé)
Eu vou, não sei aonde ... Como ...treme,
Com que debilidade e sentimento
De estarmudado o corpo todo. Velho,
Adeus; quisera ter achado em ti
podia ter achado. nada valem. Eu
Deveria ao pedir tê-lo sabido;
Mas... Não tens outro, diz-me... Tu que filtras
venenos mais subtis
Para a existência?

- Há um filtro
Diferente daquele que tomaste;
Diverso na intenção com que obra n'alma,
Mas parecido no fazer esquecer.
- Como diverso na intenção?
- Em vez
De apagar extinguir, adormecer,
Faz - com terrível excitar de vida -
Nascer n'alma um conflito de desejos
Um desejo de tudo possuir,
De tudo ser, de tudo ver, amar,
Gozar, odiar, querer e não querer,
Reunir vícios e virtudes - tudo
Como que na ânsia férvida dum trago
Da taça do existir.

- Tu vendes-mo... Ah! não, que eu nada tenho
Nem sei se tive ou poderia ter.
Tu dás-mo, velho. Não te servirá
De nada ...

Quem o fez?
Por que o fez? Onde o tens? Repete mesmo
O que de seus efeitos me disseste...

Que me decida ou não a beber dele,
Esse filtro que a ti de nada serve
Dá-mo, pois.
- Não to dou.
- O filtro, velho.
Não me enfureças, vá ; o filtro!
- Não to dou.
- O filtro!
- Não to posso dar.
- O filtro...
- Para que avanças? Eu que mal te fiz?
- O filtro; dá-me o filtro.
- Mas não posso
- Velho, repara em mim. Há na minh'alma
Uma ira calma e fria! Foge que ela
Na ação te mostre o que é.
- Não posso dar-te.
Em verdade to digo, o filtro. Eu
Fiz-te o bem que pude; porque então
Avançando assim calmo para mim
No horror de qualquer outra intenção
Te vejo o mesmo sempre. Poupa-me isso
Terrível que há em ti e que não trais
Em movimento ou vaga intimidade
Do olhar... Piedade, piedade...
Piedade, senhor!, Eu dou-te o filtro,
Eu dou-te o filtro. Piedade, eu dou...
(FAUSTO estrangula-o ... )
(após matar)
Nem sinto horror, nem medo, ou dor, ou ânsia,
Nem qualquer forma de estranheza sinto
Pelo que fiz por mais que tente querer
Sentir ...

É uma alma morta ante um corpo morto
Compreendo bem o que sentir eu devo
Mas não consigo mesmo imaginar-me
Sentindo-o ...
quanto é de horror
A morte, um ente morto, e o mistério
Disto tudo. Sim, sinto-lhe o mistério...
Mas este sentimento de mistério
Não se me liga a um sentimento
Que una esse corpo a mim, que fiz
O que de misterioso está ali.
Tremo ao sentir quanto é mistério a morte...

Procuremos o filtro ...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Nietzsche

Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te.

Amor vibra.



Meditating on fire that night sky
I hear the tenderness of his flute
Feel the pulse of all your love
I see those Asian eyes
There comes, is it, my moor
Exuding the music world,
Play with the notes in the air

Fly, fly, always with you wherever you are
But take me with you, in your beautiful heart
I have the key to your lock and you know
The distance between us only in this
What is to be, will be
Yesterday, now, tomorrow and always
There is no denying
It is fait accompli
Just missing the meeting of our eyes.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Dolores la couturière

Vestidos, vestidos.
Peças únicas, nem precisa pensar muito.
Só o sapato, tênis, sandália, chinelo, o que for...
Sei que vão surgindo aos poucos
Saindo da minha cabeça pro tecido
E tomam forma de um corpo feminino.

O Amor e suas incompreendidas diversas formas

Medo do amor.
Medo de ser amado.
Medo de ouvir eu te amo.

Soa tão profundo e comprometedor?
Talvez um mal-entendido?
É, amor demasiado, espanta o próprio amor...
Fato.

Mas só se espanta quem não sabe o que é amor
Tão menos compreende que ele está dentro de nós
E que não consegue ficar preso, até o limite da reciprocidade anunciada pra ser dito.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Desencanto

Poderia jurar que era amor, assim recíproco
Aquilo que me deu, jamais tive
Agora na saudade, minha companheira de vida
Seus passos tomam outros rumos que não os meus
Amor? No se, sim e no não
Mas em suas diversas formas
É puro amor
Que se acaba e renasce assim como o senhor sol.
Na noite que um dia me amou,
No bom dia do seu sorriso de menino
Já existia uma incerteza certa de se achar
Que parte junto à sua insensatez pela escuridão,
Rumo ao encontro de si mesmo.
Ah você!
Já não mais compartilha, meu bem
E lhe digo ainda: que se bem quisesse,
Seria só sua
Pro que der e vier
Corpo por corpo, por um instante de segundo pra sempre no meu presente
Até que se acabasse a chama
Desse amor que só adormece
Para um dia despertar quando lhe encontrar em outro continente.

Désenchantement

Je pourrais jurer que c'était l'amour, de sorte mutuelle
Ce qui me donnait, je n'ai jamais eu
Or, dans la nostalgie, mon compagnon dans la vie
Ses pas prendre d'autres directions que ma
L'amour? Peut-être, oui et non
Mais dans ses diverses formes
C'est l'amour pur
Cela représente plus de renaître et que le soleil vous
Et la nuit qui m'a aimé,
Dans les bons jours de son sourire d'enfant
Comme il y avait une certaine incertitude de trouver
Quelle partie à côté de sa folie par l'obscurité,
Vers la réunion elle-même.
Oh toi!
Pas de participation plus, bébé
Et je vous le dis vous, qu'il aimait,
Il serait seulement son
Pour le meilleur ou le pire
Organisme par organisme, par une fraction de seconde à jamais dans mon présent
Jusqu'à ce qu'il soit sur la flamme
Cet amour que seul le sommeil
Pour un réveil jour jusqu'à quand vous trouvez sur un autre continent.